Profª de Filosofia e Sociologia da Rede Estadual de Goiás desde 2010.
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[1ª Série] Filosofia: Sócrates

sábado, 26 de maio de 2012

Passar o texto sobre Sócrates:

Sócrates viveu em Atenas no século V a.C. Dizem que era um homem feio, mas quando falava, exercia estranho fascínio. Procurado pelos jovens, passava horas discutindo na praça pública. Interpelava os transeuntes, dizendo-se ignorante, e fazia perguntas aos que julgavam entender determinado assunto. Ao final, o interlocutor concluía não haver saída senão reconhecer a própria ignorância. Dessa maneira, Sócrates conseguiu alguns discípulos, mas também rancorosos inimigos.

Essa primeira parte do seu método, conhecida como ironia, consiste em destruir a ilusão do conhecimento. A ela se segue a maiêutica, centrada na investigação sobre os conceitos. O interessante nesse método é que nem sempre as discussões levam de fato a uma conclusão efetiva. Sabemos disso não pelo próprio Sócrates, que nunca escreveu livros, mas por seus discípulos, sobretudo Platão e Xenofonte.

O destino de Sócrates é conhecido: acusado de corromper a mocidade e negar os deuses oficiais da cidade, foi condenado à morte. A história de sua defesa e condenação à morte é contada no diálogo de Platão, Defesa de Sócrates.

No sentido comum, usamos a ironia para dizer algo e expressar exatamente ao contrario. Por exemplo: afirmamos que alguma coisa é bonita, mas na verdade insinuamos que é muito feia. Diferente para Sócrates, a ironia consiste em perguntar, simulando não saber. Desse modo, o interlecutor expõe sua opinião, à qual Sócrates contrapõe argumentos que o fazem perceber a ilusão do conhecimento.

A maiêutica centra-se na investigação dos conceitos. Para tanto, Sócrates faz novas perguntas, simulando para que o interlecutor possa refletir. Portanto não ensina, mas o interlecutor descobre o que já sabia. Sócrates dizia que, enquanto sua mãe fazia parto de corpos, ele ajudava a fazer, tendo por trazer à luz idéias.

O interessante nesse método é que nem sempre as discussões levam de fato a uma conclusão efetiva, mas ainda trazem o benefício de cada um abandonar a sua doxa, termo grego que desígna a opinião, um conhecimento impreciso e sem fundamento. A partir daí, é possível abandonar o que sabia sem crítica e atingir o conhecimento verdadeiro.

"Só sei que nada sei", podemos entender como a máxima socrática, surgiu como ponto de partida para o filosofar. Podemos fazer algumas observações:
  • Sócrates não esta voltado para si mesmo como pensador alheio ao mundo e sim na praça pública.
  • Seu conhecimento não deriva de um saber acabado, porque é vivo e em processo de fazer, tendo por conteúdo a experiência cotidiana.
  • Guia-se pelo princípio de que nada sabe e, dessa perplexidade primeira, inicia a interrogação e o questionamento de tudo que parece óbvio.
  • Ao criticar o saber dogmático (no contexto, saber baseado em crença não justificada, sem questionamentos), não quer com isso dizer que ele próprio seja detentor de um saber. Desperta as consciências adormecidas, mas não se considera um "farol" que ilumina: o caminho novo deve ser construído pela discussão, que é intersubjetiva (entre sujeitos, entre diferentes pessoas) e pela busca das soluções.
  •  Sócrates é "subversivo" porque "desnorteia", perturba a ordem do conhecedor e do fazer, e por isso incomoda tanto os poderosos.

Para concluir:

Vimos que Sócrates faz muitas perguntas, questiona, busca interlocutores a fim de compartilhar e discutir suas indagações. Mas nem sempre esses diálogos chegavam a uma resposta definitiva. Por isso costumamos dizer que a filosofia é a procura mas não a posse, da verdade.

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