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[3ª Série] Filosofia: Thomas Hobbes (Absolutismo Monárquico)

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Caros, alunos do 3º ano do Ensino Médio,
Nas primeiras aulas deste bimestre confessei a vocês que, dentre os conteúdos previstos para o ano letivo, a Filosofia Política, uma das áreas de concentração da Filosofia, é a que mais me agrada lecionar. Considero muito interessante estudar sobre o pensamento político ao longo da história e compreender como os filósofos buscaram analisar o seu próprio tempo, além de criarem teorias que explicariam ou ofereceriam alternativas às condições vividas.

Entre os pensadores estudados neste 2º bimestre, temos o inglês Thomas Hobbes. Farei aqui um apanhado do que já estamos trabalhando em sala sobre este pensador e sobre a sua obra mais conhecida, Leviatã. Boa leitura e bons estudos!


Thomas Hobbes e o Leviatã

Thomas Hobbes foi um filósofo, matemático e teórico político inglês, autor de Leviatã e Do Cidadão. Nasceu em 1588 e faleceu em 1679, com 91 anos de idade. Leviatã é considerada a sua obra prima. Nela, Hobbes descreve o conceito de absolutismo.

Thomas Hobbes é um dos pensadores que desenvolve o conceito de "jus naturalis", direito natural. Segundo ele, os seres humanos, em algum momento da história, viviam em um estado de natureza, caracterizado pela ausência de leis e com constantes guerras. 

Hobbes, ao explicar sua compreensão sobre a essência humana, utiliza-se da sentença criada por Plauto, que viveu de 254 a 184 a.C.: "Homo homini lupus", que significa "o homem é o lobo do homem". Todo ser humano teria dentro de si um selvagem. E, se não existisse um estado enquanto instituição social para regular e restringir as ações humanas, a humanidade estaria fadada a viver em guerra até a sua própria destruição.

Em estado de natureza, onde não há a existência de regras, normas e leis para frear os impulsos e paixões que guiam o comportamento humano, o homem age livremente sabendo que não há punição para as suas atitudes e para a de terceiros. Nessa condição, os seres humanos têm igualdades de condições, porém, são capazes de destruir uns aos outros. "A natureza fez os homens tão iguais nas faculdades físicas e mentais que, embora alguns sejam manifestadamente mais fortes ou mentalmente mais ágeis, quando se contemplam esses fatores em conjunto, a diferença entre eles não é tão considerável a ponto de levar um deles a postular para si mesmo qualquer benefício que o outro não possa reivindicar com o mesmo direito, pois quanto a força física, o mais fraco tem vigor suficiente para matar o mais forte ou por meio de maquinações secretas ou em confederação com outros que corram o mesmo perigo". Ou seja, em estado de natureza os indivíduos acabarão vivendo em constantes conflitos e guerras, não tendo como garantia a sua própria vida.

Por conta desta condição natural que dá liberdade ilimitada aos indivíduos, liberdade de empregar a violência e de sofrê-la, Hobbes vê na criação do Estado, enquanto instituição social, a solução para que seja superada essa condição de guerra de todos contra todos. O Estado surge, assim, mediante um contrato social, onde os indivíduos transferem a sua liberdade à um representante.

A visão política de Hobbes pode ser melhor compreendida quando contextualizamos historicamente o período vivido por ele. No fim da Idade Média, início da Idade Moderna, inúmeras mudanças ocorreram, tanto nos campos estruturais da sociedade, da economia, da política e da cultura europeia. Ele aponta para a necessidade da constituição de uma centralização absolutista do poder político. A teoria do absolutismo monárquico, defendida pelo filósofo, entende que o monarca deve ser um representante do povo.

Para melhor compreendermos como se desenrola a teoria, vamos analisar a imagem que compõe a capa do livro, publicado em 1651.


A coroa representa o sistema político defendido por Thomas Hobbes , a monarquia. Nesse caso, a coroa é usada também para fazer alusão ao líder político deste sistema, o rei ou monarca;

A espada, à mão direita do rei, simboliza uma das mais fortes justificativas para a formação do Absolutismo, a segurança (o exército nacional, o poder secular). Em O Leviatã, Hobbes diz que "o povo renuncia tudo em troca do grande dom da segurança";

O cetro, à mão esquerda, simboliza o poder soberano do monarca. Diante desta observação, é válido lembrar que o monarca absolutista acumulava os poderes políticos (executivo, legislativo e judiciário) e econômico (através de medidas mercantilistas) e através destes, somado ao apoio concedido pela Igreja, exercia um forte controle social;

O corpo do rei, ao observarmos, perceberemos que é formado por pessoas. Neste caso, a imagem é uma perfeita ilustração da origem do poder real, pois segundo Hobbes: "o governo absoluto havia sido estabelecido pelo próprio povo";

A proporção (tamanho) destinada à figura do rei deve ser atribuída ao poder real. Na figura acima, fica a sensação de que a autoridade monárquica alcança facilmente todo o território nacional, ou seja, nos é passado a ideia de um controle estabelecido que podemos chamar de governo. 

O Leviatã, a figura que representa o rei absolutista, chega ao governo por meio de um contrato social. O grupo dos indivíduos, num estágio anterior a crianção do Estado, concederam à um deles, que se tornou seu representante, o direito de proteção, de garantia de civilidade e de ordem social.

Thomas Hobbes foi inspirado pelo contexto histórico vivido, assim como influenciou, com sua obra, a própria história de seu país. Na Ingraterra, Henrique VIII e Elizabeth I governavam com as ideias de Hobbes.

Outros pensadores também dissertam sobre o contrato social, porém com justificativas diferentes para a sua origem, como J. Althusius, B. Spinoza, John Locke, Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant.

Por Profª. Karoline

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