Profª de Filosofia e Sociologia da Rede Estadual de Goiás desde 2010.
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[2ª Série] Filosofia: David Hume

terça-feira, 29 de abril de 2014



DAVID HUME (1711-1776)

IMPRESSÕES E IDEIAS
Segundo Hume, o conhecimento é constituído por impressões e ideias. As impressões englobam as sensações, as emoções e as paixões. Possuem um elevado grau de força e vivacidade, porque correspondem a uma experiência presente ou atual. São a base, a origem, o ponto de partida dos conhecimentos.

As ideias são as representações ou imagens das impressões no pensamento. São memórias ou imagens enfraquecidas das impressões no pensamento. São menos vivas e intensas do que as impressões, já que estas são a causa das ideias.

Não pode existir ideia sem uma impressão prévia. Não há conhecimento fora dos limites impostos pelas impressões.

OS TIPOS DE CONHECIMENTO: DE RELAÇÕES DE IDEIAS E DE FATOS
Para Hume, o conhecimento de relação de ideias consiste em estabelecer relações entre as ideias que fazem parte de uma afirmação ou de um pensamento. Podemos relacionar ideias sem recorrer à experiência, embora todas as ideias derivem das impressões sensíveis.
 
O conhecimento de relações de ideias é independente dos fatos e, segundo Hume, não nos dá novas informações. Este tipo de conhecimento está principalmente ligado à lógica e à matemática. Trata-se de um conhecimento que relaciona conceitos ou ideias e que se baseia no princípio de não contradição.
 
Segundo Hume, o conhecimento humano também se refere a fatos, à experiência. Este conhecimento relativo aos fatos baseia-se na experiência sensível e é nos proporcionado pelas nossas impressões. O conhecimento de fatos não se baseia no princípio de não contradição, já que é possível afirmar o contrário de um fato.
 
A verdade ou falsidade de um conhecimento de fato só pode ser determinada através do confronto com a experiência, isto é, a posteriori.

O PROBLEMA DA CAUSALIDADE
Hume diz-nos que todas as ideias derivam de impressões sensíveis. Assim, do que não há impressão sensível não há conhecimento. Deste modo, não podemos dizer que tenhamos conhecimento a priori da causa de um acontecimento, ou de um fato.

Embora tendo consciência da importância que o princípio de causalidade teve na história da humanidade, Hume vai submetê-la a uma crítica rigorosa. Segundo David Hume, o nosso conhecimento dos fotos restringe-se às impressões atuais e às recordações de impressões passadas. Assim, se não dispomos de impressões relativas ao que acontecerá no futuro, também não possuímos o conhecimento dos fatos futuros. 
Não podemos dizer o que acontece no futuro porque um fato futuro ainda não aconteceu.
 
Contudo, há muitos fatos que esperamos que se verifiquem no futuro. Por exemplo, esperamos que um papel se queime se o atirarmos ao fogo. Esta certeza que julgamos ter (que o papel se queima) tem por base a noção de causa (nós realizamos uma inferência causal), ou seja, atribuímos ao fogo a causa de o papel se queimar. Sucede que, segundo Hume, não dispomos de qualquer impressão da ideia de causalidade necessária entre os fenômenos.

Hume afirma que só a partir da experiência é que se pode conhecer a relação entre a causa e o efeito. Para o autor escocês, não se pode ultrapassar o que a experiência nos permite.     A experiência é, pois, a única fonte de validade dos conhecimentos de fatos. Quer dizer que só podemos ter um conhecimento a posteriori.

A única coisa que sabemos é que entre dois fenômenos se verificou, no passado, uma sucessão constante, ou seja, que a seguir a um determinado fato ocorreu sempre um mesmo fato.

CONCLUSÕES
Para D. Hume, é o hábito que nos leva a inferir uma relação de causa e efeito entre dois fenômenos. Se no passado ocorreu sempre um determinado fato a seguir a outro, então nós esperamos que no presente e no futuro também ocorra assim.

O hábito e o costume permitem-nos partir de experiências passadas e presentes em direção ao futuro. Por isso, o nosso conhecimento de fatos futuros não é um conhecimento rigoroso, é apenas uma convicção que se baseia num princípio psicológico: o hábito.

O hábito é, no entanto, um guia importante na vida prática e no dia a dia. Uma vez que ainda não vivemos o futuro, o hábito permite-nos esperar o que poderá acontecer e leva-nos a ter prudência e cuidado, ou boas expectativas. Enquanto seres humanos, temos vontade (e adaptamo-nos à ideia) de que o futuro seja previsível e, portanto, controlável.


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