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[3ª Série] Filosofia: Thomas Hobbes e o "Leviatã"

terça-feira, 29 de abril de 2014



Filosofia Política de Thomas Hobbes – O Leviatã


Aspectos relevantes da Antropologia Filosófica de Hobbes:


Em sua obra Leviatã, Hobbes afirma que o homem é naturalmente ruim e antissocial. É ruim visto que ele é governado pelas paixões e desta forma busca apenas fins puramente egoístas. É antissocial, também se referindo às paixões, pois dado que procura apenas benefícios particulares e é movido por elas, é capaz de prejudicar e até matar para ter seu desejo realizado.


Os argumentos acerca do homem, defendidos por Hobbes difere em alguns aspectos da argumentação de Aristóteles. Enquanto Hobbes afirma que o homem é um ser antissocial, incapaz de viver em sociedade, em estágio natural, porque busca seus desejos particulares, Aristóteles, em A Política, nos diz que o home é um animal político e, vivendo em sociedade, todos procuram um bem em comum, que é a Felicidade.

Entretanto, o homem espontaneamente não vive em sociedade. Quando eles se reúnem para constituir uma, isso ocorre dado o medo e o perigo de morte constante que caracteriza o “estado de natureza”.


Outro aspecto que difere a teoria de Thomas Hobbes da de Aristóteles é quanto à igualdade dos homens. Aristóteles vê na natureza humana diferenças intrínsecas. Enquanto um homem pode exercer atividade intelectual e ser governante, há outros que não são capazes disso. E, é com base nessa diferença natural que Aristóteles justifica a escravidão. Hobbes, ao contrário, não vê diferenças entre os homens, visto que todos são naturalmente governados pelas paixões e com relação ao governante, ele diz que esse deve ser eleito mediante o voto de todos os indivíduos que queiram sair do estado natural, onde todos podem tudo.


O problema das formas de governo:


Para Hobbes, há apenas três formas de governo: monarquia, democracia e aristocracia. A tirania e a oligarquia são variações da monarquia e da aristocracia.


Quanto à questão das formas de governo, o filósofo vê diferenças em relação ao poder do governante. Na democracia, o poder está nas mãos de representantes do povo; na aristocracia, nas mãos de poucos. Segundo ele, estas duas formas de governo têm em comum o poder dividido e o poder dividido entre poucos ou muitos está condenado à dissolução. Dado ser própria da natureza humana ser movida pelas paixões, e o ser humano sempre procurar por poder, honras e glórias, no governo em que o poder está dividido ele estará também mais vulnerável a guerras internas por causa da busca pelo poder.


O filósofo faz uma analogia: assim como não é possível existir mais de um Deus soberano e onipotente, não pode existir um estado em que seu poder esteja dissolvido. Só há soberania se houver um governante, caso contrário o estado não poderá se sustentar, por causa das guerras internas pela busca de mais poder entre seus representantes.


A única forma de governo que Hobbes considera possível de sustentar um estado ou reino é a monarquia. Na monarquia, o soberano tem em suas mãos todo o poder necessário para garantir a tranquilidade no interior do estado. Ele é a fonte de justiça. Aquilo que ele determinar será lei e deverá ser cumprida. Mesmo que ordene a um súdito tentar contra Deus, este deve obedecê-lo visto está submetido às ordens e às leis do soberano.

A monarquia só funciona se for hereditária. A hereditariedade do poder garante que os homens, após a morte do seu rei, não retornem a situação anárquica em que viviam antes do contrato social. O novo rei não necessariamente precisa ser o filho do soberano. Ele poderá ser aquele que o soberano nomear mediante um testamento.


Aspectos relevantes da argumentação teológica de Thomas Hobbes:


Para Hobbes e os filósofos políticos modernos em geral, não é possível através da razão conhecer Deus. Ele não nega Deus, ele admite a existência de um primeiro motor eterno que gerou todas as coisas. Entretanto, diferentemente dos medievais, afirma que não nos é possível conhecer Deus pelo o que está dado (a natureza). Segundo o autor, a religião é fruto da imaginação do homem. Por não conseguir achar respostas, causas para as coisas e os fenômenos, tente a dar explicações sobrenaturais para os fatos. Ele dá exemplos: gregos e romanos, para cada ação (uma chuva ou tempestade) criavam um deus diferente.

Hobbes vai buscar nas Sagradas Escrituras principalmente no Antigo Testamento fundamentação teológica para a origem do contrato social. Porém, depois de fundamentado, o filósofo “deixa Deus de lado” afirmando que todo o poder deve estar nas mãos do soberano, inclusive o religioso.


Cabe ao soberano decidir que obras religiosas seus súditos terão acesso e também a interpretação dada a elas. O soberano também deve escolher a religião do estado e proibir as demais, para que dessa forma evite conflitos que podem abalar as estruturas do Estado.


A plenitude do poder caracteriza a filosofia política de Thomas Hobbes. O soberano pode ser descrito como um deus na terra, dado o imenso poder que possui.


Conceitos/sentenças chaves: contratualismo, contrato social, estado de natureza, estado de guerra, natureza humana, “o homem é o lobo do homem”.

Por Karoline Rodrigues 17 de maio de 2004.

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