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[1ª Série] Sociologia: Émile Durkheim

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Émile Durkheim

O sociólogo nasceu na França, em 15 de novembro de 1917. É considerado um dos pais da Sociologia tendo sido o fundador da escola francesa, posterior a Marx, que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica. É amplamente reconhecido como um dos melhores teóricos do conceito da coesão social.
Durkheim formou-se em Filosofia, porém sua obra inteira é dedicada à Sociologia. Seu principal trabalho é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma "consciência coletiva". Ele parte do princípio que o homem seria apenas um animal selvagem que só se tornou humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no meio deste.

Os fatos sociais
Durkheim pretendia fazer da Sociologia uma ciência tão racional e objetiva quanto a Física ou a Biologia. 

Para ele, os fatos sociais devem ser considerados como coisas, assim como uma reação química é uma “coisa” para um químico, isto é, algo objetivo, capaz de ser estudado, analisado, compreendido e explicado racionalmente.
Os fatos sociais seriam coisas externas e objetivas, que não dependem da consciência individual das pessoas para existir. Os fatos sociais podem ser definidos como maneiras coletivas de agir ou de pensar que podem ser reconhecidas por exercerem influência coercitiva sobre as consciências particulares. Ou seja, têm existência própria e são capazes de obrigar (influência coercitiva) as pessoas a se comportar desta ou daquela maneira.
Nem sempre essa coerção pode ser percebida. Em muitos casos, simplesmente nos comportamos como achamos que devemos nos comportar. Entretanto, por trás dessa aparente liberdade irrestrita existem hábitos, costumes coleti-vos, ou mesmo regras, que nós aceitamos como válidas e nos induzem a assumir certas atitudes. Vejamos como isso ocorre.

O poder coercitivo dos fatos sociais
Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para casa para pôr uma roupa adequada.
Existe um modo de se vestir que é comum, que todos seguem (nesse caso, os alunos da escola). Isso não é estabelecido pelo indivíduo. Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma e, quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste ou não, ver-se-á obrigada a seguir o costume geral. Se não seguir, sofrerá uma punição (que pode ir, conforme o caso, da ridicularização e do isolamento até uma sanção penal). O modo de se vestir é um fato social.
São exemplos de fato sociais também a língua, o sistema monetário, a religião, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo.
De acordo com Durkheim, os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Embora eles sejam exteriores às pessoas, são introjetados pelo indivíduo e exercem sobre ele um poder coercitivo. 

Resumindo, podemos dizer que, segundo Durkheim, os fatos sociais têm as seguintes características:
•    Generalidade: o fato social é comum a todos os membros de um grupo ou à grande maioria.
•    Exterioridade: o fato social é externo ao indivíduo, existe independentemente de sua vontade.
•    Coercitividade: os indivíduos se sentem pressionados a seguir o comportamento estabelecido.

Consciência Coletiva
Conjunto de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado com vida própria. A consciência coletiva é diferente da particular dos indivíduos e não corresponde à soma destas.
De certa forma, a consciência coletiva é própria da sociedade. Ela é adquirida mediante os processos de socialização aos quais estamos submetidos ao longo da nossa vida na sociedade. Ela é objetiva (não vem de uma só pessoa), é exterior (é a sociedade que pensa) e age de forma coercitiva. Manifesta-se nos sistemas jurídicos, códigos legais, na religião, nas crenças, nos modos de sentir e nas ações humanas.

Fato social patológico:
É aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. É considerado imoral, reprovável ou criminoso (ex.: a miséria, desemprego, doenças, criminalidade e marginalidade). Indica que a sociedade está “doente”. A greve de trabalhadores e o suicídio são considerados fatos sociais patológicos, pois indicam um desequilíbrio na saúde da sociedade.

Fato social normal:
É aquele que se encontra generalizado na sociedade ou desempenha função social importante. Apesar de não parecer, o crime é considerado pelo pensador um fato social normal, pois é encontrado em qualquer sociedade, em qualquer época, e representa a importância dos valores sociais que repudiam condutas ilegais.

Anomia:
É a carência de regulamentação social, ausência de regras sociais. As crises se devem a uma situação de anomia (a = prefixo indica ausência, nomia = regras, leis).

Durkheim buscou esclarecer que a existência de uma sociedade, bem como a própria coesão social, está baseada no grau de consenso produzido entre os indivíduos. Esse consenso produzido ele chamou de solidariedade. Para ele, existem dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica.
Solidariedade mecânica: é característica das sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo. É justamente essa correspondência de valores que irá assegurar a coesão social.
Solidariedade orgânica: é a do tipo que predomina nas sociedades ditas "modernas" ou "complexas" do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada.
A divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes profissões e variedade das atividades industriais. Ele concebe as sociedades complexas como grandes organismos vivos, onde os órgãos são diferentes entre si (que neste caso corresponde à divisão do trabalho), mas todos dependem um do outro para o bom funcionamento do ser vivo. A crescente divisão social do trabalho faz aumentar também o grau de interdependência entre os indivíduos.
Para garantir a coesão social, portanto, onde predomina a solidariedade orgânica, a coesão social não está assentada em crenças e valores sociais, religiosos, na tradição ou nos costumes compartilhados, mas nos códigos e regras de conduta que estabelecem direitos e deveres e se expressam em normas jurídicas: isto é, o Direito.

Para recordar o que foi estudado em sala: https://www.youtube.com/watch?v=aqQrCQ1B7z4


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