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[2ª Série] Sociologia: Processos Sociais

sexta-feira, 2 de maio de 2014



Processos Sociais

Os alunos de uma escola resolvem fazer uma limpeza geral no salão de festas para o baile de formatura. Organizam-se, um ajuda o outro e logo o trabalho está acabado. Esse resultado foi possível porque houve cooperação. A cooperação é um tipo de processo social.
A palavra processo designa a contínua mudança de alguma coisa numa direção definida. Processo social indica interação social, movimento, mudança. Os processos sociais são as diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos atuam uns com os outros, a forma pela quais os indivíduos se relacionam e estabelecem relações sociais.
Qualquer mudança proveniente dos contatos sociais e da interação social entre os membros de uma sociedade constitui, portanto, um processo social.

Processos associativos e dissociativos

No grupo social ou na sociedade como um todo, os indivíduos e os grupos se reúnem e se separam, associam-se e  dissociam-se. Assim, os processos sociais podem ser associativos e dissociativos.
Os processos associativos estabelecem formas de cooperação, convivência e consenso no grupo. Já os dissociativos estão relacionados a formas de divergência, oposição e conflito, que podem se manifestar de modos diferentes. São responsáveis, assim, por tensões no interior da sociedade.
Os principais processos sociais associativos são cooperação, acomodação e assimilação.
A seguir, vamos estudar os processos associativos e dissociativos. Você vai perceber que não seguimos a ordem apresentada no esquema anterior. Isso se deve, em parte, à necessidade de se priorizarem certos processos, seja para facilitar o entendimento de outro, seja porque a partir dele podem surgir outros processos.

Processos Associativos

Cooperação: é a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntos para um mesmo fim. São exemplos de cooperação: a reunião de vizinhos para limpar a rua, ou de pessoas para fazer uma festa; mutirões de moradores para construir conjuntos habitacionais; sociedades cooperativas etc.

A cooperação pode ser direta ou indireta.

Cooperação direta compreende as atividades que as pessoas realizam juntas, como é o caso dos mutirões. Mutirões são atividades que reúnem diversas pessoas em um esforço comum para alcançar determinado objetivo. Nos bairros populares de periferia de grandes cidades do Brasil, por exemplo, não é raro que pessoas ligadas por laços de amizade trabalhem juntas nos fins de semana para construir a casa de uma delas. Quando a casa está pronta, as mesmas pessoas passam a cooperar na construção da casa de outra família integrante do grupo.

Cooperação indireta é aquela em que as pessoas, mesmo realizando trabalhos diferentes, necessitam indiretamente umas das outras, por não serem autossuficientes. Tomemos o exemplo de um médico e de um lavrador: o médico não pode viver sem o alimento produzido pelo lavrador, e este necessita de cuidados médicos quando fica doente. Existe, assim, entre eles uma relação de complementariedade.

Uma das diferenças entre a cooperação direta e a indireta está no fato de, no primeiro caso, se desenvolverem relações de solidariedade e apoio mútuo entre as pessoas envolvidas. Isso não ocorre quando a cooperação é indireta, pois nesse caso as pessoas envolvidas não estão ligadas por um esforço coletivo destinado a conquistar um objetivo comum.

Acomodação: o indivíduo ou o grupo social se ajusta a uma situação ou ao modo de vida de um grupo dominante para não gerar conflitos. Ex.: Escravos do período colonial brasileiro. Estes nunca aceitaram a situação de servidão, apenas se acomodaram à dominação e sempre que podiam se rebelavam.

Assimilação: processo de ajustamento pelo qual indivíduos ou grupos antagônicos (opostos) tornam-se semelhantes, havendo transformações internas nos indivíduos ou grupos. Exemplo: imigrante que se integra à sociedade que o acolhe.

Processos Dissociativos

Competição: "No uso recente, competição é a forma de interação que implica luta por objetivos escassos; essa interação é regulada por normas, pode ser direta ou indireta, pessoal ou impessoal, e tende a excluir o uso da força e da violência" (Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1987. p. 218).
A competição pode levar indivíduos a agir uns contra os outros em busca de uma melhor situação. Ela nasce dos mais variados desejos humanos, como ocupar uma posição social mais elevada, ter maior importância no grupo social, conquistar riqueza e poder, vencer um torneio esportivo etc.
Ora, nem todos podem obter os melhores lugares nas esferas sociais, pois os postos mais importantes são em número muito menor que seus pretendentes, isto é, são escassos. Assim, os que pretendem alcançá-los entram em competição com os demais concorrentes. Nessa disputa, as atenções de cada competidor estão voltadas para a recompensa e não para os outros concorrentes.
Há sociedades que estimulam mais a competição que outras. Entre as tribos indígenas, por exemplo, as relações não são tão acentuadamente competitivas como na sociedade capitalista. Esta última estimula os indivíduos a competirem em todas as suas atividades – na escola, no trabalho e até no lazer -, exacerbando o individualismo em prejuízo da cooperação.

Conflito: Quando a competição assume características de elevada tensão social, sobrevém o conflito. Diariamente, vemos e ouvimos no noticiário dos jornais, do rádio e da televisão relatos de conflitos em diversas partes do mundo: combate na Colômbia entre tropas do governo e fazendas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), no interior do Brasil, às vezes seguidas (ou precedidas) de assassinatos de líderes sindicais a mando de grandes fazendeiros (veja o boxe na página seguinte); motins e fugas de menores da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), em São Paulo, conflitos entre israelenses e palestinos no Oriente Médio.
O conflito social é um processo social, pois provoca mudanças na sociedade. Tomemos o exemplo dos negros norte-americanos. Depois de violentos choques com a polícia durante os anos 1960, eles conseguiram ver reconhecidos seus direitos civis. Passados mais de trinta anos, embora certas formas de racismo e discriminação ainda persistam nos Estados Unidos, o negro integrou-se, pelo menos em parte, à sociedade norte-americana, permitindo, inclusive a primeira eleição de um presidente negro americano. Outro exemplo mais recente foi a mudança do governo no Egito graças à pressão popular.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Editora Ática, 2010. p.

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