Textos extraídos da peça teatral “Grandes Pensadores”
Por Karoline Rodrigues de Melo
PARMÊNIDES,
O ELEATA – Παρμενίδης ὁ Ἐλεάτης
Monólogo de Parmênides:
— Bom dia! Deixem-me que faça a
minha breve apresentação. Eu sou Parmênides de Eleia, pois sou natural dessa
cidade, situada à costa sul da Magna Grécia.
Sou conhecido como um dos mais influentes filósofos pré-socráticos,
embora tenha vivido na mesma época de Sócrates, este grande pensador ateniense!
Modéstia à parte, não fui um
seguidor ou reelaborador de um pensamento já criado. Fui um inovador radical!
Não procurei um elemento da natureza
para pensar como sendo o princípio substancial de tudo. Mas foquei meu
pensamento no ser. O ser, na
Filosofia, pode ser definido como "aquilo que é", mas dizer o que é o
aquilo do ser, é outra questão filosófica!
Escrevi uma única obra chamada
"Sobre a natureza", em forma de poema, que hoje apenas são conhecidos
seus fragmentos. Nela narro o que ouvi das musas, que por uma carruagem puxada
por corsas, conduziram-me à luz da verdade
- que em grego significa alethéia.
Foram me oferecidas duas opções para
compreender a realidade. A primeira diz respeito à via da opinião, que em grego
chamamos de doxa. Essa é a via do
erro, das opiniões falaciosas. É o caminho no qual os sentidos parecem atestar
o devir, o movimento, o nascer e o morrer e, portanto, o ser junto com o
não-ser.
Meus caros, descobri que essa é a
raiz do erro, da admissão da possibilidade de coexistir ser e não-ser, ou de
admitir o ser virar não-ser e do nada, do não-ser surgir o ser. É contraditório
buscar a essência, o princípio fundamental naquilo que não permanece. É um equívoco dar muita importância aos
dados fornecidos pelos sentidos.
Mas, a verdade é, pois, o caminho
do pensamento, já que o ser, o que existe, é tudo aquilo que pode ser
pensado. Dessa forma, o que não é, o não-ser, o que não existe, não pode ser
pensando nem, portanto, dito, sendo um caminho ilusório.
Para mim, a verdade sobre as coisas está no que permanece. Sendo assim, é
necessário fazer o uso da razão para
compreender a verdade. Assim, o ser - aquilo que é - é eternamente,
pois o ser é a substância permanente. Ele é imutável e não pode deixar ser. Já
o não-ser - a negação do ser - não é, não tem ser, não tem substância.
Portanto, é nada, não existe. O não-ser é a mudança - devir -, que significa
não ser mais aquilo que era, nem ser ainda algo que vai ser.
A via da opinião, da doxa, deve ser
evitada para não concluirmos que "o ser e o não-ser são e não são a mesma
coisa".
O filósofo alemão Nietzsche diz que
se Heráclito é o filósofo do fogo, Parmênides é o filósofo do gelo, vertendo em
torno de si uma luz fria e penetrante. Nietzsche descreve assim Parmênides,
pelo fato de esse filósofo ter fixado no ser imóvel e uno a fonte de tudo o que
é.
Em seu poema, o eleata narra o
encontro com a deusa Verdade, que o instrui a se afastar do caminho sensível,
uma via de confusão, que leva as massas indecisas a acreditarem que ser e
não-ser são iguais.
O caminho do ser é o caminho da
verdade, que deve ser una e sempre idêntica a si mesma. Na matemática, dois
mais dois são quatro. Não importa o quanto as pessoas mudem de opinião, essa
verdade continua inabalável - e mesmo as pessoas mais irascíveis são obrigadas
a concordar com ela.
Parmênides exerceu grande influência
no pensamento de Platão, filósofo e matemático do período clássico da Grécia
Antiga, autor de diversos diálogos e fundador da Academia em Atenas, a primeira
instituição de educação superior do mundo ocidental.
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