A imagem acima ilustra, apesar do didatismo rasteiro, a divisão kantiana entre "noúmeno" e "fenômeno". Essa divisão retrata a “revolução copernicana” de Kant na filosofia.
Sendo, conforme Georges Pascal: “a
revolução copernicana de Kant é a substituição, em teoria do
conhecimento, de uma hipótese idealista à hipótese realista. O realismo
admite que uma realidade nos é dada, quer seja de ordem sensível (para
os empiristas), de ordem inteligível (para os racionalistas), e que o
nosso conhecimento deve modelar-se sobre essa realidade. […] O idealismo
supõe, ao contrário, que o espírito intervém ativamente na elaboração
do conhecimento e que o real, para nós, é resultado de uma construção.”
p.36 ( O pensamento de Kant)
Conforme Julian Marias: “As coisas em si são
inacessíveis; não posso conhecê-las, porque na medida em que as conheço
já estão em mim, afetadas pela minha subjetividade; as coisas em si
(númenos) não são espaciais nem temporais, e nada pode dar-se a mim fora
do espaço e do tempo. As coisas, tal como se manifestam para mim, como
aparecem para mim, são os fenômenos. Kant distingue dois elementos no
conhecer: o dado e o posto. Há algo que se dá a mim (um caos de
sensações) e algo que eu ponho (a espaço-temporalidade, as categorias), e
da união desses dois elementos surge a coisa conhecida ou fenômeno.
Portanto, o pensamento, ao ordenar o caos de sensações, faz as coisas;
por isso Kant dizia que não era o seu pensamento que se adaptava às
coisas, mas sim o contrário, e que sua filosofia significava uma
‘revolução copernicana’.”
De acordo com o próprio: “não conhecemos a priori nas coisas senão aquilo que nós mesmos nelas colocamos” (Kant apud PASCAL)
Portanto, Kant coloca o problema
gnoseológico em primeiro plano e abala o reinado “dogmático” da
metafísica. Nisso dá a razão investigar a si mesma rsrs. Assim, com a
“Crítica da Razão Pura” começa o idealismo alemão, um exemplare
inconteste do pensamento moderno, do cartesianismo e do racionalismo.
0 comentários:
Postar um comentário