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[1ª Série] Tril. Aprof. Filosofia e Sociologia: As transformações e as relações de trabalho

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

 Texto base para a realização da atividade a ser feita em sala 

Habilidade:

(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.

Objetos de Conhecimento: 

O trabalho na perspectiva da Filosofia e da Sociologia. Conceito de trabalho. Trabalho ao longo da história, O trabalho para Karl Marx.  Divisão social do trabalho. Importância dos sindicados na conquista de direitos.


As relações de trabalho e as suas transformações na visão da Filosofia e Sociologia


 

O trabalho tem mudado muito ao longo do tempo, especialmente no que refere aos direitos dos trabalhadores e as condições de trabalho ao longo de inúmeras lutas e situações em que geralmente se enfrentavam trabalhadores e patrões ou donos de fábrica. Vamos tentar compreender um pouco melhor isto aqui.


O trabalho em sentido amplo é um conceito que denomina um tipo de relação econômica entre duas pessoas, de contratação ou de prestação de serviços. Ou seja, se nós precisamos dos serviços de alguma pessoa vamos contratá-la e pagar segundo valores que são mais ou menos gerais, mas que podem variar segundo o tipo de trabalho, a quantidade de pessoas que possam fazer o trabalho, etc.


Até aí tudo bem, entretanto esse tipo de relação econômica entre duas ou mais pessoas nem sempre foi assim. Vamos lembrar um pouco das aulas de História, Sociologia e Filosofia?  Vocês lembram alguma coisa do sistema de escravidão no Brasil? Vocês acham que a contratação e condições de trabalho dos escravos eram iguais às condições que temos hoje em dia?


Ao longo da história e de diferentes acontecimentos sociais, políticos e econômicos, “os trabalhadores” têm conquistado progressivamente um conjunto de direitos que garantem as condições de contratação igualitárias para todo mundo.


Essas condições compreendem termos de pagamento, espaço apropriado para a realização do trabalho, a ilegalidade do trabalho infantil, quantidade de horas, férias pagas, salário, previdência, entre outras coisas.


Esses direitos do trabalho fazem parte daqueles que são reconhecidos como direitos humanos. A falta de cumprimento deles é considerada uma responsabilidade muito grave por parte de uma pessoa, uma companhia, fábrica ou Estado. Tanto assim que eles estão inseridos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no artigo 23.


E na nossa Constituição Brasileira, a lei suprema, no artigo 7. A constituição de uma legislação, a nível mundial e nacional, implica também que devem ser respeitadas características de cada trabalhador, como idade, condição física, se é portador de deficiências, etc.


Grande parte da história da evolução do trabalho e suas lutas estão relacionadas com os sindicatos, que são organizações de trabalhadores por área de ocupação que, a partir de 1850 aproximadamente, têm sido os protagonistas de reclamos, marchas e conquistas.


Retomemos um pouco de história social. Lembremos que a partir da Revolução industrial (ou seja, aproximadamente a partir de 1840), na Europa Central, os trabalhadores começam a aumentar em número e em concentração física em centros urbanos e fábricas.


Esses centros industriais vão ser o cenário para os primeiros conflitos laborais da história, mas também de um conjunto de outros fenômenos como doenças e desenvolvimento de medicina, atividades políticas, maneiras de organização entre os trabalhadores.


Isto é de muita importância, tanto que a liberdade dos trabalhadores de se organizar sindicalmente é garantida, a nível mundial, pela Organização Interacional do Trabalho (OIT). A constituição mais antiga do nosso país já reconhecia o direito lícito de se reunir e se organizar, a partir do ano 1891. E atualmente é garantido pelo artigo no. 8 da Constituição do Brasil.


Quase todos os países têm integrado também na sua legislação os direitos dos trabalhadores a conformar sindicatos, se organizar sem interferências dos patrões ou do Estado e de dialogar ou negociar com este último, nas suas necessidades ou reclamações.


Isto tem derivado em outro fenômeno que foi o progressivo crescimento do poder que esses sindicatos têm como atores socioeconômicos, por meio de estratégias de reclamos (greve, interrupções de atividades, ocupações de espaços públicos, etc.).  isto não é um dado insignificante, basta olhar para as relações de apoio e enfrentamento entre sindicatos poderosos e partidos políticos ou governos ao longo da história.


Análise sociológica sobre o Trabalho


O trabalho tem sido um tema de muita preocupação e pesquisa por parte da sociologia, história, geografia, e outras ciências sociais ao longo do tempo. Neste sentido a sociologia tem uma tradição bastante crítica em relação ao trabalho, que se originou com Marx e que posteriormente foi desenvolvido por várias escolas e correntes de pensamento.


Trata-se de um tema complexo com muitas formas de ser estudado e entendido. 


Não é sem razão que Karl Marx é considerado um dos fundadores da sociologia. A sua preocupação com diversos fenômenos sociais, culturais e principalmente econômicos é, sem dúvida, parte importante da base do pensamento sociológico atual. Marx viveu em um tempo de plena revolução industrial, em que o trabalho não era regulado nem existiam condições estabelecidas pelo Estado, que procurassem o bem-estar dos trabalhadores. Também não existiam critérios de salubridade e mão de obra completamente disponíveis para o desenvolvimento cada vez maior das indústrias, principalmente na Inglaterra.


Marx, tal outros pensadores do seu círculo intelectual, pensa um conceito do trabalho por meio da comparação com as atividades de ofício que caracterizavam a idade média. A relação entre um artesão, um carpinteiro, um ourives, com seu produto é próxima e singular. Vamos tomar o exemplo do artesão.
O produto que é feito por ele é único, porque a maneira na qual ele produz não é uma maneira em série, como a que hoje conhecemos, senão que ele faz o processo completo do produto até ficar acabado.


Assim, o produto é dificilmente repetível, por questões técnicas de produção, mas também porque o artesão vai criando, ao longo do processo, uma relação pessoal com aquele produto, porque ele vai acompanhando as mudanças e, progressivamente, vai percebendo os efeitos do seu trabalho sobre um produto. Ele é ciente do que é capaz de fazer.


Os processos produtivos do capitalismo caracterizam-se por se encontrarem divididos em diversas instâncias para melhorar a produção, ou seja, que um operário trabalha toda a jornada fazendo sempre a mesma atividade. Vamos supor que estamos analisando uma fábrica de pastas de dentes, um operário tem como atividade só encher as bisnagas, dificilmente ele exerça outra atividade na cadeia produtiva.


A divisão do processo produtivo garante uma maior produtividade, ou seja, uma produção mais rápida, com uma margem de erro menor e, segundo alguns autores, uma disciplina maior nos trabalhadores.


O que Marx percebeu em relação a isto é que o fim da relação que o trabalhador tinha com esse produto fez com que ele não fosse mais consciente da sua capacidade de transformação do produto e, por extensão, de sua vida. Procurando definir melhor este fenômeno, Marx criou o conceito de alienação, que quer dizer que o produto, como consequência da sua maneira de produção, acaba parecendo uma coisa alheia e afastada dele.


O trabalhador não consegue reconhecer de que maneira modificou o produto, nem sente que ele seja uma coisa que ele fez, já que várias pessoas participaram na mesma quantidade que ele.
Usando como inspiração as ideias de Marx, outros autores tentaram discutir com ele, e outros utilizaram o conceito de alienação para analisar outras dimensões da vida das pessoas.


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