Somos todos seres sociais
Desde as suas origens, há cerca de 190 mil anos, o homo sapiens sapiens, ou homo sapiens moderno, espécie a qual pertencemos, se constituiu por meio do grupo. Assim como outros animais que vivem agrupados, os primeiros seres humanos só conseguiram sobreviver nas difíceis condições do mundo que os cercava porque contaram com o apoio e a solidariedade do grupo a que pertenciam.
Desde as suas origens, há cerca de 190 mil anos, o homo sapiens sapiens, ou homo sapiens moderno, espécie a qual pertencemos, se constituiu por meio do grupo. Assim como outros animais que vivem agrupados, os primeiros seres humanos só conseguiram sobreviver nas difíceis condições do mundo que os cercava porque contaram com o apoio e a solidariedade do grupo a que pertenciam.
Essa dependência do indivíduo em relação ao grupo teve início, assim, no momento mesmo em que surgiram os primeiros seres humanos, e continua até hoje. Uma de suas características a comunicabilidade humana, ou seja, a capacidade de o indivíduo se comunicar com seus semelhantes de forma a transmitir ideias, sentimentos, vontades, interesses, emoções. Essa capacidade evoluiu ao longo do tempo, passando de gestos e sinais a articulação de sons, ao desenvolvimento da linguagem, as primeiras manifestações artísticas - ainda no Período Paleolítico (190000 a.C.-8000 a.C.) - e escrita, criada em diferentes épocas em diversas regiões do planeta, como a Mesopotâmia (4000 a.C.), o Egito (3000 a.C.), a China (1700 a.C.) e a América Central, (900 a.C.) - datas aproximadas.
Hoje, utilizamos também novas formas de comunicação (a internet, por exemplo), mas algumas das que foram criadas por nossos ancestrais mais remotos, como a linguagem, ainda continuam em vigor.
A tendência do ser humano a viver em grupo pode ser comprovada de forma positiva pela experiência empírica, cotidiana: seja na escola, na família ou no país, fazemos parte de um conjunto mais amplo de pessoas, de um grupo social, ligado a um conjunto ainda maior, a sociedade em que vivemos. Mas há também outras formas de comprovar a necessidade da vida em grupo para o desenvolvimento do ser humano. Uma delas a experiência de crianças que vivem entre animais e em situações de isolamento em relação a outros indivíduos da espécie humana. Vamos conhecer uma dessas experiências?
A tendência do ser humano a viver em grupo pode ser comprovada de forma positiva pela experiência empírica, cotidiana: seja na escola, na família ou no país, fazemos parte de um conjunto mais amplo de pessoas, de um grupo social, ligado a um conjunto ainda maior, a sociedade em que vivemos. Mas há também outras formas de comprovar a necessidade da vida em grupo para o desenvolvimento do ser humano. Uma delas a experiência de crianças que vivem entre animais e em situações de isolamento em relação a outros indivíduos da espécie humana. Vamos conhecer uma dessas experiências?
Um caso intrigante
Em 1797, um menino seminu foi visto na floresta de Lacaune, na França. Mais tarde, foi registrado seu aparecimento no distrito de Aveyron. Descalço, apenas alguns farrapos de uma velha camisa (sinal de algum contato anterior com seres humanos) cobriam parte de seu corpo. Sempre que alguém se aproximava, ele fugia como um animal assustado.
Era um menino de cerca de 12 anos. Seu corpo estava repleto de cicatrizes. Provavelmente abandonado na floresta aos 4 ou 5 anos, foi objeto de curiosidade e provocou discussões acaloradas, principalmente na França.
Após sua captura, verificou-se que Victor (assim passou a ser chamado) no pronunciava nenhuma palavra e parecia no entender nada do que lhe falavam. Apesar do rigoroso inverno europeu, rejeitava roupas e também o uso de cama, preferindo dormir no chão. Locomovia-se apoiado nas mãos e nos pés, correndo como os animais quadrúpedes.
Como nos tornamos humanos?
Victor de Aveyron tornou-se um dos casos mais conhecidos de seres humanos criados em condições de liberdade em ambiente selvagem. Alguns médicos franceses afirmavam que o menino sofria de idiotia, uma deficiência mental grave. Segundo eles, teria sido essa a razão pela qual os pais o haviam abandonado.
Como nos tornamos humanos?
Victor de Aveyron tornou-se um dos casos mais conhecidos de seres humanos criados em condições de liberdade em ambiente selvagem. Alguns médicos franceses afirmavam que o menino sofria de idiotia, uma deficiência mental grave. Segundo eles, teria sido essa a razão pela qual os pais o haviam abandonado.
O psiquiatra Jean-Marie Gaspard Itard não concordava com a opinião dos colegas. Quais as consequências, perguntava ele, da privação do convívio social e da ausência absoluta de educação para a inteligência de um adolescente que viveu assim, separado de indivíduos de sua espécie? Itard acreditava que a situação de abandono e afastamento da sociedade que explicava o comportamento diferente do menino. Discordava, assim, do diagnóstico de deficiência mental para o caso.
A partir de então, Itard trabalhou diretamente na educação do menino. Sua experiência foi registrada no livro A educação de um homem selvagem, publicado em 1801. Nesse livro, Itard apresenta seu trabalho com o menino de Aveyron, descrevendo as etapas de sua educação: ele já é capaz de sentar-se convenientemente mesa, de se servir da quantidade necessária de água para beber, de levar certos objetos ao seu terapeuta; diverte-se ao empurrar um pequeno carrinho e começa a ler (Filmes sugeridos: O garoto selvagem, de François Truffaut, 1970.).
Cinco anos mais tarde, Victor já confeccionava pequenos objetos e podava as plantas da casa. Esses resultados pareciam confirmar a tese de Itard, segundo a qual os antigos hábitos selvagens do menino e sua aparente deficiência mental eram apenas e tão-somente resultado de uma vida afastada da sociedade.
Com base nessa experiência, Itard formulou a hipótese de que a maior parte das deficiências intelectuais e sociais não são inatas, mas tem sua origem na falta de socialização do indivíduo considerado deficiente e na ausência de comunicação com seus semelhantes, especialmente de comunicação verbal.
Com base nessa experiência, Itard formulou a hipótese de que a maior parte das deficiências intelectuais e sociais não são inatas, mas tem sua origem na falta de socialização do indivíduo considerado deficiente e na ausência de comunicação com seus semelhantes, especialmente de comunicação verbal.
Aproximando-se de uma visão sociológica, o pesquisador concluiu que o isolamento social prejudica a sociabilidade do indivíduo. Ora, a sociabilidade, ou seja, a capacidade de se comunicar e interagir com outros seres humanos, é o que torna possível a vida em sociedade.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ed. Ática, 2010. p. 10-11.
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