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[2ª Série] Sociologia: Pobreza e desenvolvimento

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Pobreza e desenvolvimento

As expressões subdesenvolvimento e país subdesenvolvido foram muito utilizadas na imprensa e na literatura sociológica e econômica durante as décadas de 1950 e 1960. Entre os anos 1970 e 1990, porém, tornou-se comum o uso dos conceitos de Terceiro Mundo e terceiro-mundismo, que reuniam as regiões antes rotuladas de subdesenvolvidas. Atualmente, essas expressões foram substituídas pelas noções de país pobre e de país emergente, ou em desenvolvimento.
Esses novos conceitos têm a vantagem de diferenciar sociedades extremamente pobres de regiões que combinam índices importantes de crescimento e bem-estar com amplos setores da população vivendo abaixo da linha de pobreza. Ao grupo dos extremamente pobres pertencem países como Burkina Fasso, na África, Haiti, na América Latina, e Bangladesh, na Ásia. Já o grupo dos emergentes, ou que estão em desenvolvimento, englobam países como o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, grupo esse conhecido pela sigla BRICs.
Neste capítulo, retomamos o conceito inicial de subdesenvolvimento porque ele designa uma situação histórica específica, comum a um conjunto de países, que a noção de país emergente ou em desenvolvimento às vezes mascara, escondendo problemas que os aproximam mais dos países pobres do que daqueles que já alcançaram o pleno desenvolvimento.

1.  Os países pobres

Antes de entrar na discussão do conceito de subdesenvolvimento, talvez seja interessante assinalar algumas características comuns a todos os países pobres, parte das quais podem ser encontradas também nos países emergentes. Essas características são:
· baixa renda per capita;
· dependência econômica e tecnológica em relação aos países plenamente desenvolvidos;
· grandes desigualdades na distribuição de renda, com algumas pessoas muito ricas e a maioria da população, ou boa parte dela, vivendo em condições de extrema pobreza;
· taxas elevadas de mortalidade infantil;
· altos índices de analfabetismo;
· má distribuição da propriedade da terra, com um pequeno grupo de latifundiários que concentram a maior parte do solo cultivável, enquanto milhões de camponeses vivem sem-terra ou com pouca terra para trabalhar;
· dívida externa elevada;
· economia controlada em parte por empresas multinacionais com centros de decisão fora do país;
· corrupção generalizada nos órgãos administrativos e em outros setores do Estado;
· desrespeito aos direitos humanos mais ou menos frequente.

Um desenvolvimento perverso

Assim, são chamados hoje países pobres aqueles que apresentam baixos níveis de desenvolvimento humano, econômico e social. Tais características, como vimos, atingem também, embora apenas parcialmente, ou em menor escala, os países ditos em desenvolvimento.
Afastado hoje da literatura sociológica e econômica, o antigo conceito de subdesenvolvimento não pode ser confundido com o de não-desenvolvimento ou com o de pouco desenvolvimento. Na verdade, sua característica mais marcante é o que se poderia chamar de desenvolvimento perverso, já que o crescimento econômico nos países antes chamados de subdesenvolvidos acentua as desigualdades sociais em vez de diminuí-las, aumentando o abismo que separa ricos de pobres.
Por outro lado, é preciso destacar que alguns países do antigo grupo de subdesenvolvidos encontram-se hoje numa fase mais avançada de industrialização. Estão nesse caso os BRICs – Brasil, Rússia, Índia e China -, a Argentina, o Chile, a África do Sul e o México, além de outros. Eles formam o chamado grupo de países emergentes.

Ricos e pobres no Brasil

O Brasil se situa entre as dez maiores economias do mundo. Entretanto, do ponto de vista da distribuição de renda, da qualidade de vida e do bem-estar da população, encontra-se ainda em um patamar muito baixo.  Segudndo a classificação da ONU (Organização das Nações Unidas), em setembro de 2007 o Brasil ocupava a 70ª posição na escala do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), entre 177 países estudados.
O IDH é um indicador que me de a qualidade de vida de um país. Para calculá-lo, os técnicos da ONU levam em conta a expectativa de vida da população, a renda per capita, a taxa de alfabetização da população e o índice de matrículas no ensino fundamental, médio e superior. Atualmente, o Brasil tem um IDH mais baixo do que o de países mais pobres, como Panamá (62º), Cuba (51º), Uruguai (46º) e Chile (40º).
Em relação ao ano anterior, o IDH de 2007, que chegou a 0,800, representou um avanço, pois colocou pela primeira vez o Brasil entre os países de alto desenvolvimento humano (nos anos anteriores, o país se encontrava entre os de desenvolvimento humano médio).
Apesar desse avanço, ainda se mantêm no Brasil alguns dos indicadores típicos  do subdesenvolvimento: desigualdade extrema na distribuição de renda, pobreza, insuficiência alimentar, grande incidência de doenças, altas taxas de mortalidade infantil entre os pobres, precariedade na coleta de esgotos, etc.
Veja agora alguns dados socioeconômicos referentes ao Brasil:
·  População: 187 milhões de pessoas (2006), dos quais 81% estão na área urbana e 19% na zona rural.
· 7,5% da população, ou seja, cerca de 14 milhões de pessoas estão abaixo da linha de pobreza (sobrevivem com menos de 1 dólar por dia).
· 85 milhões de brasileiros consomem, por dia, menos de 2.240 calorias, o que é considerado o número mínimo necessário para uma vida normal (a média nacional é de 1.811 calorias).
· PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas durante um ano): 833 bilhões de dólares (2007); 44,4% da riqueza produzida dse concentra nas mãos dos 10% mais ricos da população.
· 10% da população sobrevive com menos de um salário mínimo por mês; esse grupo de pessoas fica com apenas 0,8% do total da renda do país.
· Renda per capita: 3.890 dólares (2005). A dos Estados Unidos é superior a 43 mil dólares.
· Em cada grupo de mil crianças que nascem, cerca de 33 morrem antes de completar 5 anos (2006).

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