Platão
Filósofo grego, discípulo de Sócrates, Platão deixou
Atenas depois da condenação e morte de seu mestre (399 a.C.) Peregrinou doze
anos. Conheceu, entre outros, os pitagóricos. Retornou a Atenas em 387 a.C, com
40 anos, procurando reabilitar Sócrates, de quem guardava a memória e o
ensinamento. Retomou a teoria de seu mestre sobre a "ideia", e
deu-lhe um sentido novo: a ideia é mais do que um conhecimento verdadeiro: ela
é o ser mesmo, a realidade verdadeira, absoluta e eterna, existindo fora e além de nós, cujos objetos visíveis
são apenas reflexos.
A doutrina central de Platão é a distinção de mundo
visível, sensível ou mundo dos reflexos, e o mundo invisível, inteligível ou
mundo das ideias. A essa concepção dos dois mundos se ligam as outras partes de
seu sistema: a) o método é a dialética, consistindo em que o espírito se eleve
do mundo sensível ao mundo verdadeiro, o mundo inteligível, o mundo das ideias;
ele se eleva por etapas, passando das simples aparências aos objetos, em
seguida dos objetos às ideias abstratas e, enfim, dessas ideias as ideias
verdadeiras que são seres reais que existem fora de nosso espírito; b) a teoria
da reminiscência: vivemos no mundo das ideias antes de nossa encarnação"
em nosso corpo atual e contemplamos face a face em sua pureza; dessa visão,
guardamos uma mudança confusa; nós a reencontramos, pelo trabalho da
inteligência, a partir dos dados sensíveis, por "reminiscência"; c) a
doutrina da imortalidade da alma, demonstrada no Fédon.
Das obras de Platão, as mais importantes são: Apologia
de Sócrates (trata-se do discurso que Sócrates pode pronunciado diante de seus
juízes; descreve seu itinerário, seu método e sua ação); Hippias Maior (o que é
o belo?); Eutifron (o que é a piedade?); Menon (o que é a virtude? Pode ser
ensinada? São os diálogos constituindo o exemplo perfeito da maiêutica; são
aporéticos: a questão colocada não é resolvida, o leitor é convidado a
prosseguir a pesquisa após ter
purificado seu falso saber); Teeteto (o que é a ciência? Expõe e faz a crítica
da tese que faz derivar ciência da sensação e que afirma ser o todas as
coisas); Fédon (sobre a imortalidade da alma; diálogo que relata os últimos
dias de Sócrates e trata da atitude do filósofo diante da morte); Crátilo
(quais as relações entre as coisas e os nomes que lhes são dados? Há
denominações naturais ou elas dependem todas da convenção?); O banquete (do
amor das belas coisas ao amor do belo em si. Papel pedagógico do amor); Górgias
(sobre a retórica; estuda a forma particular de violência que pode ser exercida
pelo domínio da retórica e opõe à sofística à filosofia); A república (da justiça; definição do homem
justo a partir do estudo da cidade justa; a cidade ideal, papel da educação,
lugar do filósofo na cidade; como o regime ideal é levado a degenerar-se.
Platão enuncia as condições da cidade harmoniosa,
governada pelo filósofo rei, personalidade que governa com autoridade, mas com
abnegação de si, com os olhos fixos na ideia do bem. A virtude suprema consiste
"desapego" do mundo sensível e dos bens exteriores a fim de
orientar-se para a contemplação das ideias, notadamente da idéia do bem, e
realizar esse ideal de perfeição que é o bem. Abaixo dessa virtude quase divina
situa propriamente humana: a justiça, que consiste na harmonia interior da alma. Outros livros ou diálogos:
Críton, Fedro, Parmênides, Timeu e Filebo. Toda a doutrina de Platão pode ser
interpretada como uma crítica em relação ao dado sensível, social ou político,
e com uma exortação a transformá-lo se inspirando nas ideias, cuja ação
(cognitiva, moral e política) deve reproduzir, o mais fielmente possível, a
ordem perfeita no mundo do futuro. Para realizar seu "projeto"
filosófico, Platão funda a Academia, assim chamada por situar-se nos jardins do
herói ateniense Academos.
Mundo sensível: realidade material, constituída pelos
objetos da percepção sensorial; mundo da experiência. Especialmente em Platão,
o mundo sensível opõe-se ao mundo inteligível, do qual é cópia.
Mundo inteligível: mundo das ideias ou formas, em
Platão entendido como tendo uma realidade autônoma, tanto em relação ao mundo
sensível, do qual constitui o modelo perfeito, quanto ao pensamento humano, que
no entanto o atinge pela dialética.
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