Profª de Filosofia e Sociologia da Rede Estadual de Goiás desde 2010.
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[1ª Série] Tópicos de Filosofia: A importância do Mito

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Fragmento de um texto, do livro O Mundo de Sofia, que fala sobre os mitos:

Por filosofia entendemos uma forma completamente nova de pensar, surgida na Grécia por volta de 600 a.C. Antes disso, todas as perguntas dos homens haviam sido respondidas pelas diferentes religiões. Essas explicações religiosas tinham sido passadas de geração para geração através dos mitos.

Um mito é a história de deuses e tem por objetivo explicar por que a vida é assim como é. Ao longo dos milênios, espalhou-se por todo o mundo uma diversificada gama de explicações mitológicas para as questões filosóficas. Os filósofos gregos tentaram provar que tais explicações não eram confiáveis.
A fim de entendermos o pensamento dos primeiros filósofos, precisamos entender primeiro o que significa ter uma visão mitológica do mundo. Vamos tomar por exemplo o mito de Tor e seu martelo, proveniente do norte europeu.

Antes de o cristianismo chegar à Noruega, acreditava-se, na Noruega, que Tor cruzava os céus numa carruagem puxada por dois bodes. E quando ele agitava seu martelo, produziam-se raios e trovões. A palavra “trovão” significa originariamente “o rugido de Tor”. Quando troveja e relampeja, geralmente também chove. E a chuva era vital para os camponeses da era dos vikinks. Assim, Tor era adorado como o deus da fertilidade. A resposta mitológica à questão de saber por que chovia era, portanto, a de que Tor agitava seu martelo. E quando caía a chuva, as sementes germinavam e as plantas cresciam nos campos.

Não se entendia por que as plantas cresciam nos campos e como davam frutos. Mas os camponeses sabiam que isto tinha alguma coisa a ver com a chuva. Além disso, todos acreditavam que a chuva tinha algo a ver com Tor. E isto fazia dele um dos deuses mais importantes do Norte da Europa.

Ao longo dos séculos, as histórias dos deuses foram sendo passadas de geração em geração. Na Grécia, os deuses eram chamados de Zeus e Apolo, Hera e Atena, Dioniso e Asclépio, Heracles e Hefaístos, apenas para citar alguns nomes.

Por volta de 700 a.C., Homero e Hesíodo registraram por escrito boa parte do tesouro da mitologia grega. Isto levou a uma situação completamente nova. É que, a partir do momento em que os mitos foram colocados no papel, já se podia discutir sobre eles.

Os primeiros filósofos gregos criticaram a mitologia descrita por Homero, porque para eles os deuses ali representados tinham muitas semelhanças com os homens. De fato, eles eram exatamente tão egoístas e traiçoeiros como qualquer um de nós. Pela primeira vez na história da humanidade foi dito claramente que os mitos talvez não passassem de frutos da imaginação do homem.

Um exemplo dessa crítica aos mitos pode ser encontrado no filósofo Xenófanes, nascido por volta de 570 a.C. Para ele, as pessoas teriam criado os deuses à sua própria imagem e semelhança: “Os mortais acreditam que os deuses nascem, falam e se vestem de forma semelhante à sua própria… Os etíopes imaginam seus deuses pretos e de nariz achatado; os tracianos, ao contrário, os veem ruivos e de olhos azuis… Se as vacas, cavalos ou leões tivessem mãos e com elas pudessem pintar e produzir obras como os homens, eles criariam e representariam suas divindades à sua imagem e semelhança: os deuses dos cavalos teriam feições equinas, os das vacas se pareceriam com elas, e assim por diante”.

Referências: GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. Cia. das Letras: São Paulo, 1998.

Para aqueles que queiram saber mais sobre a mitologia nórdica e Thor, assistam ao documentário do History Channel:


Bons estudos!

Profª Karoline

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