Profª de Filosofia e Sociologia da Rede Estadual de Goiás desde 2010.
"Quem educa com carinho e seriedade, educa para sempre".
Comece onde você está. Use o que você tem. Faça o que puder.
 

[1ª Série] Filosofia: Resumão para a Avaliação Bimestral

domingo, 24 de março de 2013

Caros alunos,
Nossos primeiros testes já foram aplicados e corrigidos. De modo geral, o resultado não foi bem aquele que eu, como professora esperava de vocês. Levando isso em conta, resolvi esquematizar aqui os principais tópicos trabalhados para que sirvam de roteiro de estudo para a Avaliação Bimestral que acontecerá na próxima semana.
 criança-lendo
Vamos lá!
  • Explicação mitológica sobre a origem do mundo e do universo (cosmogonia): vocês devem se lembrar (espero que sim!) que, na Antiguidade, antes no nascimento da Filosofia, as pessoas quando não possuíam respostas reais para o que as afligiam criavam mitos para justificar aquilo que não conheciam. Dessa forma, os mitos eram passados de geração a geração e se tornavam “verdades” àqueles que criam, pois não dependiam de provas para serem aceitos. Ex.: a origem da vida, do mundo e do universo é fruto de um deus ou deuses.

  • Explicação filosófica sobre a origem do mundo e do universo (cosmologia): a Filosofia surgiu quando as explicações mitológicas já não mais satisfaziam a curiosidade e a busca pela verdade ao ser humano. Diante de vários fatores históricos que contribuíram para uma nova postura de pensamento sobre o mundo e sobre a própria humanidade, as pessoas buscavam respostas mais objetivas e reais para as suas perguntas. Dessa necessidade surgiu a Filosofia, que desde o seu princípio buscou encontrar racionalmente respostas para as questões que afligiam ao ser humano. Assim, respostas baseadas em explicações sobrenaturais e divinas eram deixadas de lado na procura de explicações lógicas, objetivas, concretas e racionalmente aceitas. Os primeiros filósofos tentaram responder a questões como “qual é a origem da vida?” e “qual é a origem do universo?” sem para tanto se apoiarem em elementos divinos.

  • Arché: os primeiros filósofos procuravam a arché, isto é, o princípio, a substância primordial que deu origem a todas as coisas que existem. Para a maioria dos filósofos pré-socráticos, a arché deveria ser um elemento simples, encontrado na natureza. Com o passar do tempo, vimos (e ainda veremos) que a Filosofia muda de foco, procurando questionar não mais a origem de tudo, mas sobre o ser humano e sua postura no mundo.

  • Teorias orientalista e do “milagre grego”:  tivemos a oportunidade de estudar duas teorias que justificavam, de formas distintas, a origem da Filosofia na Grécia. A primeira é a teoria orientalista, que defende o argumento de que os gregos antigos tiveram contato com a sabedoria oriental, principalmente com os persas e babilônios, o que contribuiu para que surgisse uma nova maneira de se ver e pensar sobre o mundo. A segunda teoria é a do "milagre grego”, que diz ser a Filosofia uma área de conhecimento genuinamente grega, dada a cultura tão especial e avançada do povo grego. Porém, vale lembrar que essa teoria é o que chamamos de visão etnocêntrica – que ao fazer um juízo de valor, parte do princípio de que uma cultura é superior às demais. Os pensadores que defendiam a teoria “do milagre” grego eram, certamente, europeus e não queriam abrir mão do mérito de serem os “criadores exclusivos” de um saber tão especial e importante como a Filosofia!

  • Fatores que contribuíram para o nascimento da Filosofia na Grécia Antiga: teorias orientalista e “do milagre grego” à parte, o que de fato contribuiu para o nascimento da Filosofia na Grécia Clássica foi um conjunto de fatores históricos que proporcionou àquele povo uma nova maneira de pensar a realidade. Entre estes fatores, podemos destacar: a criação da moeda e das leis da cidade que fizeram com que os antigos afastassem das negociações e dos direitos/deveres o sagrado e a vontade divina. A popularização da escrita, que permitiu aos cidadãos gregos a releitura dos mitos que antes eram apenas cantados pelo rapsodo, proporcionando assim a reflexão sobre estas histórias revelando assim suas inconsistências. E a forma com que foi estruturada a polis grega - com o estímulo à retórica e o direito à palavra contribuiu para que os gregos desenvolvessem o seu senso crítico, num exercício constante de análise sobre que era levado ao debate, sendo possível uma nova maneira de enfrentar o mundo, diferente da simples aceitação.

  • Os filósofos pré-socráticos: foram assim denominados, pois muitos, como o nome sugere, antecederam a Sócrates no tempo, mas, especialmente pela diferença encontrada no objeto de sua Filosofia. Poucas informações existem a respeito deles. As datas de nascimentos não são precisas e o que se sabe sobre suas teorias são baseados em alguns fragmentos que resistiram ao tempo e às informações passadas por filósofos posteriores. Alguns dos primeiros pré-socráticos também foram chamados de filósofos da natureza, pois buscavam mediante a observação do mundo encontrar um elemento primordial que pudesse explicar a origem do mundo e do universo. αρχή, arché, que em grego significa princípio das coisas, em outras palavras, a “matéria-prima”de que são feitas todas as coisas.

  • O filósofo que é intitulado como “o pai” da Filosofia é Tales de Mileto: para ele, a água era o princípio fundamental de todas as coisas, ou o αρχή. Tales acreditava que a água era o elemento primordial: a água permanece basicamente a mesma, em todas as transformações dos corpos. Quando esteve no Egito, ele pôde observar como os campos inundados ficavam fecundos depois que as águas do Nilo retornavam ao seu delta. É possível que ele tenha observado também que, depois da chuva, apareciam rãs e minhocas, assim como percebeu que para existir vida, a água é expressamente necessária.

  • Discípulo de Tales, Anaximandro de Mileto acreditava que nosso mundo era apenas um dos muitos mundos que surgem de “alguma coisa” e se dissolvem “nesta alguma coisa” que ele chamava de infinito - em grego άπειρο. É difícil compreender o que ele entendia por infinito, mas ao contrário de Tales, Anaximandro não imaginou uma substância determinada. Talvez ele quisesse dizer que aquilo que a partir do qual tudo surge é algo completamente diferente do que é criado. E como tudo que é criado é também finito, o que está antes e depois desse finito tem de ser infinito. Sendo assim, a substância básica não poderia ser algo tão trivial quanto à água.

  • Anaxímenes de Mileto concordava que a arché deveria ser indeterminada, porém não poderia ser um elemento situado fora dos limites da observação e da experiência. O ar seria o elemento primordial. Pelo processo de rarefação e condensação se formariam outros elementos como a água, a terra e o fogo, e a partir desses, todos os demais.

  • Pitágoras de Samos possuía uma resposta bem diferente dos filósofos de Mileto quanto ao princípio de tudo. Ele foi um grande matemático e por isso defendeu a tese de que todas as coisas são números. O princípio fundamental (a arché) seria a estrutura numérica, matemática, da realidade. Os corpos eram constituídos por pontos e a quantidade de pontos de um corpo definiria suas propriedades. O mundo teria surgido da imposição de limites para o ilimitado por meio de formas numéricas.

  • Parmênides: o filósofo reflete sobre o ser, sobre o que existe - que mais tarde foi estudado por uma área da Filosofia chamada de ontologia, o estudo do ser. Parmênides achava contraditório buscar a essência, o princípio fundamental naquilo que não permanece - nosso mundo. Segundo ele, é um equívoco dar muita importância aos dados fornecidos pelos sentidos. Pois, para ele, a verdade sobre as coisas está no que permanece. Sendo assim, é necessário fazer o uso da razão para compreender a verdade.
    “O ser é e o não-ser não é”. Para Parmênides o ser - aquilo que é - é eternamente, pois o ser é a substância permanente. Ele é imutável e não pode deixar ser. O não ser - a negação do ser - não é, não tem ser, não tem substância. Portanto, é nada, não existe. O filósofo identifica o não-ser com a mudança - devir -, que significa não ser mais aquilo que era, nem ser ainda algo que é.
    Em seu poema Sobre a Natureza, Parmênides expôs dois caminhos para a compreensão da realidade. O primeiro é o caminho da verdade, da razão, da essência, do ser. E o segundo, o caminho da opinião - doxa - da aparência enganosa, pois tudo se confunde com o movimento, com a pluralidade e o devir. Segundo ele, essa via precisa ser evitada para não concluirmos que “o ser e o não-ser são e não são a mesma coisa” - um raciocínio ilógico!

  • Heráclito: o filósofo se impressionou com a variação constante que a realidade manifestava aos seus sentidos. “Panta rei”, afirmava Heráclito, o que significa: “tudo muda”, “tudo flui”. Este filósofo afirmava que a própria identidade das coisas está na mudança constante, na variação e no movimento incessante. “Não podemos entrar em um rio duas vezes, pois na segunda vez já não são as mesmas águas. Já não é o mesmo rio”, afirmava. Para ele, nada existe no mundo que possa escapar à mudança. Ele afirma que o princípio de tudo, o elemento fundamental é o fogo. 
    A indicação do fogo como princípio de todas as coisas não coloca Heráclito na mesma condição que os filósofos de Mileto. O fogo mencionado não se iguala à água de Tales ou ao ar de Anaxímenes. Quando Heráclito indica o fogo como elemento primordial, está muito mais próximo de uma linguagem simbólica do que apontando para um fundamento concreto, uma arché. É necessário perceber que o fogo só existe pela constante mudança de coisas em cinzas e fumaça. Aniquilada esta mudança, não existe mais o fogo. Assim Heráclito vê toda a realidade como que alimentada de mudança o tempo todo.
    A luta de forças contrárias é que origina a multiplicidade, é o que impulsiona a vida. A ordem e a desordem, o bem e o mal, o belo e o feio, a construção e a desconstrução, a justiça e a injustiça, enfim, pares de opostos é que fazem o mundo se modificar e evoluir.
    Vamos estudar galerinha! É preciso melhorar a compreensão do que foi discutido ao longo desse primeiro bimestre! = )
    Prof.ª Karoline

0 comentários:

Postar um comentário