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[2ª Série] Filosofia: Resumão para a Avaliação Bimestral

domingo, 24 de março de 2013

Para os alunos do 2º ano,
Segue também um resumo do que já foi estudado que requer a compreensão de vocês.


  • A importância da Filosofia Cristã, seu contexto histórico e objetivo: a Filosofia cristão surgiu na Idade Média dentro de um cenário em que se destacou a grande expansão e predomínio do Cristianismo. Foi nesse período que a consciência religiosa (cristã) associou0se à consciência racional (filosófica) para construir a chamada Filosofia Cristã. A Igreja Católica passou a exercer importante papel político na sociedade medieval. Conquistou também uma enorme quantidade de bens materiais, além de, no plano cultural, exerceu ampla influência, traçando um quadro intelectual em que a fé cristã tornou-se o pressuposto, um antecedente necessário, de toda a vida espiritual. A Filosofia Cristã tinha como objetivo explicar racionalmente as verdades da fé, principalmente no período em que a Igreja perdia seus fiéis para o Protestantismo.

  • A Patrística: foi a Filosofia Cristã, da Igreja Católica, elaborada pelos padres, que buscou utilizar a Filosofia em favor da Fé, como forma de defender o Cristianismo dos ataques dos pensadores considerados “pagãos” e combater as heresias.

  • Santo Agostinho e a relação estabelecida por ele entre: a) fé e razão; b) corpo e alma; c) vontade e pecado: foi o principal representante da Patrística. Agostinho vai buscar nos filósofos clássicos, principalmente na teoria de Platão elementos que possam ser utilizados para fundamentar a fé cristã. Por exemplo, Agostinho se adapta os conceitos de ideias imutáveis e da reminiscência para justificar filosoficamente a existência de Deus.
    Enquanto para Platão era possível conhecer a verdade através da razão, para Agostinho, a razão é um mero instrumento para a compreensão dos preceitos cristãos, de forma que, somente por meio da revelação é possível ao homem conhecer as verdades divinas. A Filosofia é um instrumento para explicar a Fé, porém, como seres limitados que somos, chegará um momento que ela não será capaz de desvendar os mistérios divinos, cabendo apenas à iluminação divida (por vontade de Deus) conhecer as verdades eternas.

  • Agostinho via no espírito a superioridade, sendo este responsável por comandar o corpo e não o seu contrário. A alma teria sido criada por Deus para dominar o corpo, dirigindo-o para a prática do bem. No entanto, quando o contrário ocorre, isto é, quando o corpo comanda a alma, Agostinho diz que nasce então o pecado, que tem origem das vontades do corpo. Por isso, ele dá tanta importância ao domínio da alma, por meio da sabedoria e da fé, sobre o corpo.

    Iluminação divina e a doutrina da predestinação: a teoria da iluminação divina defendida por Agostinho diz que somente os escolhidos por Deus serão capazes de conhecer as verdades eternas e divinas. A Filosofia ajuda a compreender a fé, mas não é suficiente. A doutrina da predestinação diz ser necessário à salvação humana, além das boas obras e da boa vontade, a concessão da graça divina, concedida a poucos.

  • Escolástica: 
    Contexto histórico: três séculos antes do seu surgimento, o imperador Carlos Magno, aliado ao Papa Leão III organizou o ensino e fundou escolas e universidades ligadas às instituições católicas, com isso, a cultura Greco-romana, que até então ficava reservada aos mosteiros, voltou a ser divulgada, passando a ter grande influência sobre o pensamento da época. A educação nestas escolas era de modelo romano, isto é, ensinava-se gramática, retórica, dialética, geometria, aritmética, astronomia e música, todas submetidas à teologia - estudo sobre Deus. Foi nesse período de florescimento cultural que nasceu a Escolástica (derivada de escola) como a maior produção filosófico-teológica, ligada ao aristotelismo.
    O principal objetivo da Escolástica era buscar a harmonização entre a fé cristã e a razão. Nesse contexto é possível dividi-la em três fases: 1ª - confiança perfeita na harmonia entre fé e religião (séc. IX ao XII); 2ª - com Tomás de Aquino, que considerava que a harmonização entre fé e razão poderia ser parcialmente alcançada (séc. XIII ao XIV); 3ª - decadência da Escolástica marcada por disputas que realçavam as diferenças entre fé e razão.

    A Escolástica não foi apenas referência em questões teológicas, mas contribuiu com significativos estudos da lógica - estudo do raciocínio válido. A questão dos universais derivou do desenvolvimento oferecido pelos escolásticos à lógica. Os universais são conceitos que podem se referir a coisas particulares e que provocou a reflexão sobre a relação existente entre palavras e coisas. Por conta da questão dos universais surgiram duas posições antagônicas para explicá-los: o realismo e o nominalismo.

    Realismo: seus adeptos sustentavam a tese de que os universais (conceitos) existem de fato, isto é, as ideias universais existem por si mesmas. Ex.: a bondade e a beleza seriam modelos a partir das quais se criariam as coisas boas e as coisas belas. Um dos principais pensadores dessa tese foi Santo Anselmo, que acreditava que os universais existiriam na mente divina.

    Nominalismo: seus defensores sustentam a tese de que os universais não existem por si mesmos, pois são apenas palavras, sem existência concreta. Não passam apenas de nomes, de convenção. Existiria apenas a individualidade.
    Entre as duas surgiu uma terceira posição, o realismo moderado de Pedro Abelardo que disse que só existiriam as realidades singulares, mas que seria possível buscar semelhanças entre os seres individuais, por meio da abstração, de forma a gerar conceitos universais. Não sendo, portanto, nem entidades metafísicas (Realismo), nem palavras vazias (Nominalismo).

  • São Tomás de Aquino: padre dominicano, filósofo e teólogo, proclamado santo e doutor da Igreja Católica, que nasceu em uma província da Itália, no séc. XIII. Ele foi um estudioso de Aristóteles, retomando suas ideias e tentando conciliá-las aos preceitos religiosos.
  • Os princípios estabelecidos por Tomás de Aquino para a compreensão da realidade sensorial - a realidade que somos capazes de perceber por meio dos sentidos:
    Princípio da não contradição: não existe nada que possa ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista.
    Princípio da substância: entre os seres podemos distinguir a substância, essência - sem a qual ela não seria aquilo que é; e o acidente - qualidade não essencial, que se o ser deixar de ter ele não deixará de ser o que é.
    Princípio da causa eficiente: é o que faz com que todos os seres que captamos pelos sentidos existam. Segundo Tomás de Aquino, os seres sensíveis são seres contingentes - que dependem de um agente que os produziu. Exemplo simbólico: o escultor que fez uma estátua. Neste caso, o escultor é a causa eficiente da escultura. Para a escultura existir (ser contingente) precisou de outro ser (causa eficiente).
    Princípio da finalidade: todo ser contingente existe em função de uma finalidade, de uma “razão de ser”. Todo ser contingente possui uma causa final, uma intenção, o objetivo da coisa.
    Princípio do ato e da potência: todo ser contingente (sensível) possui duas dimensões: o ato - que representa a existência atual do ser, que está dado no presente. E a potência - a capacidade real do ser, aquilo que não se realizou, mas pode se realizar.

  • De que forma Tomás de Aquino conciliou elementos da Filosofia de Aristóteles com a doutrina cristã para provar racionalmente a existência de Deus:
    1ª Prova: o primeiro motor – tudo aquilo que se move é movido por outro ser. Por sua vez, esse outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por outro ser, e assim sucessivamente. Se não houvesse um primeiro ser, cairíamos em um processo infinito. É necessário chegar a um primeiro motor que não é movido por ninguém – esse ser é Deus
    2ª Prova: a causa eficiente – todas as coisas no mundo não possuem em si a causa eficiente de suas existências (não produziram a si próprios). São efeitos de alguma coisa. É necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos – essa causa primeira é Deus.
    3ª Prova: ser necessário e ser contingente – todo ser contingente do mesmo modo que existe, pode deixar de existir. Se todas as coisas que existem podem deixar de ser, então, alguma vez nada existiu. Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe somente começa a existir em função de algo que já existia. É preciso admitir que há um ser que sempre existiu, um ser necessário, que seja a causa da necessidade de todos os seres contingentes. Esse ser é Deus.
    4ª Prova: graus de perfeição – em relação à qualidade de tudo que existe, pode-se afirmar que há graus de perfeição. Assim, estabelecemos que uma coisa é melhor que outra, mas bela, mas poderosa, mais verdadeira. Se dizemos que algo é “mais” ou “menos” determinada qualidade, devemos admitir que existe um ser com o máximo dessa qualidade. Esse ser máximo e pleno é Deus.
    5ª Prova: finalidade do ser – todas as coisas brutas, sem inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade. Devemos então crer que, existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Esse ser é Deus.

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