Profª de Filosofia e Sociologia da Rede Estadual de Goiás desde 2010.
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[3ª Série] Filosofia: Resumão para Avaliação Bimestral

domingo, 24 de março de 2013

  • Nietzsche: pensador do século 19, século marcado pela crença de que a Ciência seria um vínculo de transformação social, que resolveria as dores e seria capaz de trazer a felicidade. Foi um estudioso do grego antigo e dos filósofos pré-socráticos. Por isso era atraído pela ideia de transformação (Heráclito). O pensamento arcaico contribuiu para que Nietzsche construísse uma crítica forte ao cristianismo e à modernidade: “Nossa civilização é vítima de uma interpretação socrático-platônica do mundo”. A história do pensamento humano é influenciada pelo pensamento do séc. V A.C, que Nietzsche criticava ferozmente.

  • Foi um desafiador da verdade absoluta. Por meio do uso da linguagem, o filósofo persegue os adjetivos morais.
  • Relação existente entre o sofrimento e o desenvolvimento humano: Enquanto muitos filósofos tentaram nos oferecer conselhos de como amenizar a dor e o sofrimento, Nietzsche acreditava que todos os tipos de sofrimento e fracasso deveriam ser bem-vindos no caminho para o sucesso e vistos como desafios a serem superados.
    “A todos com quem realmente me importo desejo sofrimento, desolação, doença, maus-tratos, indignidades, o profundo desprezo por si, a tortura da falta de autoconfiança e a desgraça dos derrotados”. – Nietzsche
    Com isso o filósofo quis dizer que, para se conquistar algo que realmente valha a pena é necessário que se tenha que fazer um grande esforço. Dificuldades são normais. Não devemos entrar em pânico, nem desistir de tudo.
    Nietzsche acreditava que as dificuldades eram um mal necessário, e que, se cultivadas com a aptidão necessária, elas podiam levar à criação de coisas belas.
    “Nossa dor vem da distância entre aquilo que somos e aquilo que idealizamos ser”. – Nietzsche
    Nietzsche entendia muito bem de sofrimento e esforço, pois durante boa parte de sua vida sofreu com enjoos, dores de cabeça e vertigens, decorrentes da sífilis que contraíra ainda jovem, num bordel em Colônia.
    “A felicidade não vem da fuga dos problemas, e sim do ato de cultivá-los para extrair algo positivo deles”. – Nietzsche
    Apesar de ser filho de pastor e viver sua infância em uma atmosfera religiosa, Nietzsche era um crítico voraz do Cristianismo. O filósofo condenava o Cristianismo pelo mesmo motivo que condenava o álcool: ir à Igreja pode fazer você se sentir melhor rapidamente, da mesma forma que se embebedar pode fazer isso. Mas, para o filósofo, a fé cristã pode amortizar a dor, amortizando também a energia que ela nos dá para superar os problemas e chegar à verdadeira felicidade.
    “Aquilo que não me mata só me fortalece”
    Nem tudo aquilo que nos faz sofrer é necessariamente ruim, assim como nem tudo que nos dá prazer necessariamente nos faz bem.

  • Nietzsche faz um resgate daquilo que chama de “forças vitais”, presente no pensamento antigo, antes de Sócrates encaminhar a reflexão moral em direção ao controle racional das paixões. As “forças vitais” são os nossos instintos, vontades e impulsos. À estas forças vitais, o filósofo associa a expressão “dionisíaca”, que remete a Dionísio, deus da aventura, da música, da desordem.

  • À tradição da Filosofia ocidental a partir de Sócrates, o filósofo associa a expressão “apolínea”, que se refere a Apolo, deus da razão, da clareza e da ordem. Para Nietzsche o apolíneo e o dionisíaco são dois princípios complementares da realidade e que não deveriam ter sido separadas quando na Grécia socrática optou-se pelo culto à razão, secando assim o que ele chama de “seiva criadora da Filosofia”, contida na dimensão dionisíaca.

  • O significado da genealogia da moral: desenvolve uma crítica intensa aos valores morais, propondo um estudo da formação histórica dos valores presentes na cultura ocidental. Não existem noções absolutas de bem e de mal. Estas noções são produtos histórico-culturais, elaboradas pelo homem a partir de interesses humanos, mas que, as religiões impõem como se fossem produtos da “vontade de Deus”. Por conta da aceitação desses valores, sob a justificativa divina para a sua existência, as pessoas acomodam-se a uma “moral de rebanho”, baseada na submissão irrefletida dos valores dominantes da civilização cristã e burguesa.
    “O que é tacitamente aceito por nós; o que recebemos e praticamos sem atrito internos e externos, sem ter sido por nós conquistado, mas recebido de fora para dentro, é como algo que nos foi dado. São dados que incorporamos à rotina, reverenciamos passivamente e se tornam peias (amarras que predem os pés) ao desenvolvimento pessoal e coletivo. Ora, para que certos princípios, como a justiça e a bondade, possam atuar e enriquecer, é preciso que surjam como algo que obtivemos ativamente a partir da superação dos dados. [...]” – Nietzsche

  • O filósofo atenta para que possamos compreender que os valores presentes em nossas vidas são construções humanas e que é nosso dever refletir sobre nossas concepções morais e enfrentar o desafio de viver por nossa própria conta e risco - sem responsabilizar ou esperar que uma potência (um Deus) seja responsabilizada por isso.

  • Os conceitos de moral de escravos e moral de senhores: Moral de escravos: é herdeira do pensamento socrático-platônico - que provocou a ruptura entre o trágico e o racional - e da tradição judaico-cristã, da qual deriva a moral decadente (tentativa subjugação dos instintos pela razão). A moral de escravos nega os valores vitais à procura da paz e do repouso. O indivíduo fica enfraquecido, pois tem diminuída sua potência. A alegria é transformada em ódio, a conduta humana torna-se vítima do ressentimento e da má consciência - sentimento de culpa e a noção de pecado.
    Moral de senhores: é a moral que visa a conservação da vida e dos instintos fundamentais. Funda-se na capacidade de criação, de invenção, cujo resultado é a alegria, consequência da afirmação da potência. O indivíduo que consegue se superar é o que atingiu o “além-do-homem”, aquele que consegue reavaliar os valores, desprezar os que o diminuem e criar outros que estejam comprometidos com a vida.
    • Sartre e o Existencialismo:

    • Sartre foi um dos principais filósofos do nosso tempo, tendo focado seus estudos na Ética. Sartre era ateu e buscou desenvolver a sua teoria sobre a Ética desvinculada da religião. É o principal pensador da corrente filosófica Existencialista. O Existencialismo é uma linha de pensamento que defende que, no homem, a existência precede a sua essência. Sendo assim, não existe uma natureza humana - defendida pela maioria das religiões.
    • Se admitirmos a existência da natureza humana estaremos admitindo também a invariabilidade de suas ações e comportamentos. Entre os animais, por exemplos, as ações são, em sua maioria, justificadas pelo extinto natural da espécie, sendo previsíveis os comportamentos. Mas, entre os seres humanos não é possível admitir um comportamento geral e invariável, pois tudo o que não estivesse compreendido na regra deveria ser concebido como não natural e, portanto, como não humano.
    • O Existencialismo de Sartre é ateu, que fundamenta a inexistência de uma natureza humana pelo fato de afirmarem a inexistência de Deus. Religiosos e pensadores que creem na existência de uma divindade maior tendem a estabelecer a existência de uma natureza humana - à imagem ou semelhança de seu Criador e com características essenciais presentes em todos os seres humanos.
    • Para os existencialistas o ser humano é entendido como uma realidade imperfeita, aberta e inacabada. Associada à incompletude humana está a liberdade, que não é plena, mas condicionada às circunstâncias históricas da existência.
      (...) Se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito: este ser é o homem (...) o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. (SARTRE, 1987, p. 5-6)
    • Para o Existencialismo, ao nascer o homem não está definido, mas, através de sua existência irá fazer-se homem. O ser humano, por meio da sua liberdade irá se fazer. Para Sartre, o ser humano é condenado a ser livre, isto é, é o próprio ser humano que vai escolher quais caminhos seguir para efetivar o projeto de criação de si mesmo. O ser humano, ao mesmo tempo em que é indivíduo, torna-se e realiza-se enquanto ser através da sua relação com os demais de sua espécie e, portanto as escolhas que faz são escolhas que engajam toda a humanidade.

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